Esperança e Luta é o que temos a oferecer!

Blog do vereador Miguel Leopoldo Teixeira Bastos, do PT. Presidente Figueiredo, Amazonas, Brasil.
Esperança e Luta é o que temos a oferecer!

sábado, 16 de abril de 2011

Carta aos Professores

Carta aos Professores da Rede Municipal de Ensino de
Presidente Figueiredo.

Em primeiro lugar parabenizo cada professor e cada professora, os aluno e pais de alunos e digo: estou profundamente alegre em saber que ainda existe pessoas que tem coragem de lutar por seus direitos, em acreditar que juntos, através de manifestações pacíficas, ordeiras e sobretudo legais, podem conquistar seus espaços e o reconhecimento de sua profissão, não somente o reconhecimento de seus alunos, dos pais, da comunidade em geral, da alegria em ver um médico, um advogado, um político, em fim, um cidadão que destacou-se e poder dizer com orgulho: “Eu ajudei a formar aquele cidadão e hoje está dando bons frutos para a sociedade”, pois este reconhecimento alimenta o ego e dá ainda mais motivação em ser EDUCADOR... Mas falo da recompensa salarial, pois esta alimenta, paga as contas e dá conforto à família.

Se formos relembrar todas as conquistas legais obtidas como a CLT, a Constituição Federal e outras leis, passaríamos a tarde falando sobre isso, mas o certo é que todas foram conquistadas através de manifestações de trabalhadores que reivindicavam por direitos que ainda nem existiam, não eram regulamentados juridicamente, diferente do cenário atual.
Podemos citar o exemplo do operário que lutou, fez greve e até mesmo foi preso, torturado e exilado, persistiu com seus ideais e um dia tornou-se Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e, muito fez pelos trabalhadores e trabalhadoras.
Quero externar meu apoio através das caminhadas, apresentando e representando suas demandas no Parlamento, pois também sou servidor público e sei das responsabilidades que temos para com a população.

A profissão de professor talvez seja a mais nobre das profissões, não desmerecendo as demais, pois são eles que formam todos os profissionais, por isso merecem ganhar melhor. Mas quanto seria um salário justo ao professor? A esse profissional que muitas das vezes abdica do direito de ter um final de semana divertido com sua família a ter que corrigir trabalhos e provas, planejar aulas e até mesmo ter que estudar mais para poder oferecer uma boa aula! Acho que um salário justo estaria além do pretendido por essa classe, mas é o que já daria melhores condições.

Gostaria de lembrar o quê disse a Presidenta da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff, em seu discurso de posse, no dia 01/01/2011:

“ ... Mas só existirá ensino de qualidade  se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens....” (grifo nosso)
Sem dúvidas foi um discurso emocionante, encorajador e sobretudo de esperança.
Para encerrar deixo algumas citações extraídas do livro: Educação: A solução está no afeto.
“... O professor tem o direito constitucional de fazer greve e ninguém pode deixar de respeitá-lo por isso, mas não tem o direito de ser negligente, incompetente, displicente, porque o aluno não tem culpa.
Se o problema é com os administradores, eles é que devem ser enfrentados. É melhor entrar em greve, com todos os problemas decorrentes disso, do que dá uma aula sem alma, apenas porque ganha o suficiente.”
Autor: Gabriel Chalita, Livro: A Educação: a solução está no afeto. Pag 164.

Presidente Figueiredo-AM., 15 de abril de 2011.

Miguel Leopoldo Teixeira Bastos
Vereador PT

Discurso proferido em Sessão Plenária, no dia 15 de abril de 2011.

domingo, 10 de abril de 2011

As “Invasões” Urbanas em Presidente Figueiredo

Entre os anos de 2006 e 2008, dediquei duas pesquisas acadêmicas sobre a cidade de Presidente Figueiredo. Nessas pesquisas busquei fazer um trabalho de datação dos eventos de expansão da cidade. Nada melhor do que esse período em que há uma relativa calmaria na expansão da cidade para compartilhar essas reflexões.
Convencionou-se chamar de invasões as ocupações irregulares que marcam este período moderno de crescimento das cidades em toda a América Latina. Elas estão ligadas a processos objetivos, como o acesso a bens e serviços disponíveis apenas nas cidades e; subjetivos, como a estigmatização dos sujeitos do interior como seres atrasados, supersticiosos e ignorantes e a cidade, por outro lado, como lócus da civilização e do conhecimento.
O Município de Presidente Figueiredo não foge a essa regra e, por isso, é marcado por centenas de famílias vivendo em pequenas casas edificadas em terrenos urbanos ocupados irregularmente. Se considerarmos que as ocupações irregulares são as áreas de maior densidade demográfica da cidade, notaremos o seu importante papel na expansão urbana de Presidente Figueiredo. Essas ocupações acolhem pelo menos um terço da população.
São também áreas que acumulam os mais variados problemas sociais. Além disso, não há praças, calçadas, escolas, áreas de lazer e, muito menos, espaço para edificar uma boa casa. Isso sem falar nos inúmeros problemas ambientais associados.
Muitos falam em uma “Indústria da Invasão”, ligada a quadrilhas organizadas vinculadas a “pessoas influentes” com interesses eleitorais e econômicos. Porém, mesmo que essas quadrilhas existam, devemos concordar que são fatores secundários, diante da constante demanda por habitações na cidade.
Se observarmos a expansão urbana nos primeiros 14 anos após a instalação do município (1982 a 1996), iremos notar que as invasões foram praticamente nulas. Isso se deu ao fato de que a oferta pública atendeu a maior parte da demanda por terra na cidade. Nesse período foram criados os bairros do Centro, “Curupira”, “Sapolândia”, “Mutirão” e Morada do Sol.
No período seguinte, entre 1996 e início de 2006, nenhum loteamento público foi liberado. As conseqüências dessa ausência foram desastrosas. Foi justamente nesse período que surgiram as ocupações do igarapé de trás da Escola Municipal Octavio Lacombe, das ladeiras e encostas do Ramal do Cemitério (Bairro das Orquídeas), do vale do Igarapé do Urubuí (Beco Solimões) e da nascente do igarapé que corta o loteamento do Nunes (no Bairro Aida Mendonça), além de outras menores.
Em 2006, a prefeitura liberou terrenos no Ramal do Cemitério, origem do Bairro Galo da Serra. Sabemos dos problemas ocorridos na distribuição desses lotes, ou seja, muita gente que vivia em situação de risco ou de aluguel não recebeu lote da Prefeitura e outros, menos necessitados, receberam lotes irregularmente (empresários, por exemplo). Mesmo assim, o loteamento do Galo da Serra já completou cinco anos, e nenhuma grande invasão ocorreu desde então.
Percebe-se que o loteamento de terras públicas é uma eficiente ferramenta de controle das ocupações irregulares. No entanto, a Prefeitura Municipal estrategicamente deixa que o problema se generalize para depois lhe dar uma resposta paliativa. Portanto, em um ou dois anos, presenciaremos novamente ocupações urbanas nos igarapés e a criminalização de pessoas que, marginalizadas pela política social da Prefeitura Municipal, acabarão se sujeitando a uma vida de riscos. A Prefeitura alimenta o clientelismo, que obriga os sujeitos sujeitados a elegerem os sujeitos sujeitantes.

Casa da Cultura do Urubuí, 09 de abril de 2011.

Maiká Schwade